quinta-feira, julho 06, 2006

Um Sonho em Berlim...


Berlim ficou por um instante na tarde fresca e cheia de sol, tão calada, que nem os meus passos se ouviam... Logo depois... e sem saber o porquê do tema da conversa, nos perguntamos, eu e ele, lagartixando no sofá: porque é que o amor acaba?
Sempre entre um silêncio e o outro se pode realmente descobrir a força do fim de qualquer coisa... da morte, de algo, de nós, das horas. De facto, sempre se pode esboçar um pouco do desentendimento ou do alheamento em relação a algo que à primeira vista parece tão óbvio.


Bom, ou é o mistério, ou então somos Nós.
Tão estúpidos que nem conseguimos compreender algo tão simples, belo e tão claro como é o amor!
Nada, foi a resposta.
Um carinho simplesmente com o dedo indicador, no meu ombro direito.

A resposta foi um olhar cúmplice de que nada acontecerá entre nós nesse sentido. Mas a fragilidade desse minuto é tão imensa, que quase se arrebenta em mil.
Naquela tarde passou sobre os nossos lábios, uma sombra, que nos atingiu de lilás e uma certeza incerta na certeza de tudo o que tinha acontecido, dos anos que tinham passado, de tudo o que já tínhamos vivido intensamente com outras pessoas... ele com ela e eu com ele.
Era a dúvida do amor... até as tulipas ao nosso redor murcharam de tanta incerteza...

Era a tarde que passava devagar e nítida! Era a noite que lentamente se aproximava e sem querer se escondia às nove horas por detrás da cortina de cetim.

Ali ficara só o amor, mil fins diferentes para as nossas mentes, e aquele mistério de antes - contudo, quem é capaz de querer respostas certeiras, com tantas incertezas?